Tenacidade, tolerância e flexibilidade são fundamentais na preparação para o Mundial, considera o psicólogo, que destaca que o foco no objetivo é um fator primordial de motivação.
A Seleção Nacional de Futsal concentrou-se no último domingo no Centro de Estágios de Rio Maior e terminou o primeiro momento de preparação para o Campeonato do Mundo Lituânia 2021 após o treino vespertino de sexta-feira. Portugal inicia a sua prestação no Mundial a 13 de setembro e a competição termina a 3 de outubro.
Os jogadores iniciaram os trabalhos em regime de pré-época e o cansaço físico fez-se, naturalmente, sentir. Para uma prova longa como um Mundial, também com uma preparação longa, os índices físicos são importantes, mas também há fatores psicológicos a não descurar, conforme referiu Miguel Ângelo (clique aqui para saber mais).
Jorge Silvério, psicólogo, integra a comitiva lusa e explicou ao fpf.pt como estes momentos longos de concentração podem interferir nos jogadores.
“Há um fator que eu acho que é fundamental neste tipo de competições. Temos dois meses pela frente. Estamos a fazer uma pré-época, o que do ponto de vista físico é muito exigente, mas também do ponto de vista mental. A partir de determinada altura, quando o cansaço já é maior - no fim dos treinos e à medida que os treinos se vão acumulando -, começa a ser ainda mais importante alguns aspetos mentais, nomeadamente a tenacidade. É um conceito que eu tenho vindo a trabalhar e a desenvolver. Ou seja, a capacidade de nós enfrentarmos situações difíceis. No fundo, acaba por servir também de preparação, porque, obviamente, ao longo desta caminhada que vamos ter pela frente, vai haver momentos mais difíceis. Quanto melhor os jogadores estiverem preparados para esses momentos difíceis, melhor vão conseguir, de uma forma mais produtiva e mais eficaz, lidar com esses momentos. Nós sabemos que estes momentos também acontecem nos jogos e, estando preparados do ponto de vista do treino, é mais fácil que esses acontecimentos se reflitam nesses mesmos jogos. A questão da concentração, da confiança… Quando o cansaço se instala é mais difícil. Se eles estiverem habituados a lidar com isso, sobretudo nas partes finais dos jogos - quando as coisas estão mais complicadas -, também é mais fácil eles fazerem essa transferência. Eu diria que estes são os principais fatores fundamentais em termos psicológicos.
Para além do fator desportivo, existe a convivência entre um grupo reduzido durante muito tempo. Jorge Silvério destaca que a tolerância é um fator importante.
“A grande maioria dos jogadores já tem experiência, quer ao nível da Seleção, quer ao nível dos clubes, de competições deste género. Quanto melhor for o espírito de grupo, mais fácil é lidar com as questões da tolerância, da flexibilidade… Vamos estar dois meses juntos e isso não é nada habitual. Estes fatores são extremamente importantes, mas sobretudo é preciso eles estarem alerta para isso. Isto já foi falado e já foi discutido dentro do grupo. Estando alerta, é mais fácil, quando as situações acontecerem, conseguirem lidar com elas.”
A Equipa das Quinas cumpriu este sábado a sua primeira folga. Este é um momento fundamental para todos, explicou.
“São fundamentais! Obviamente, também do ponto de vista físico, mas, sobretudo do ponto de vista mental. Desligar um bocadinho. Estar com a família, neste caso, e depois virem com as baterias um pouco mais carregadas para enfrentarem outra semana de trabalho. É fundamental este tipo de quebra daquilo que é a rotina do trabalho diário.”
A finalizar, destacou ainda o foco no objetivo como principal fator de motivação – um fator que não é preciso trabalhar com este grupo de atletas.
“A questão do foco no objetivo é, do meu ponto de vista, a principal estratégia de motivação. Eu diria que aí o meu trabalho está facilitado, pois todos eles, de facto, desde o início - e até antes, porque começaram a trabalhar antes de nos concentrarmos – o têm. Esse é um fator primordial e não é preciso trabalhá-lo, pois todos eles estão imbuídos desse espírito.”
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