A 4.ª árbitra nomeada para a final da Taça de Portugal feminina já marcou várias vezes presença na aventura do futebol feminino

A poucas horas da Cidade do Futebol se encher de milhares de crianças que chegam de todos os pontos do país para disputar a fase nacional da Festa do Futebol Feminino, Inês Andrada, árbitra nomeada para estar presente na final da Taça de Portugal feminina, que fez também parte do grupo de arbitragem em várias edições da Festa feminina, recordou, em declarações ao fpf, os seus primeiros passos na arbitragem:

"Há uns anos atrás não havia tantos clubes de tantos escalões e eu acabei por jogar sempre na primeira divisão a partir dos 15 anos, com colegas de 30 anos. Isso fez com que tivesse pouco tempo de jogo. Foi uma altura em que começaram a aparecer uma ou duas equipas profissionais e eu pensei que não ia chegar a uma equipa profissional, portanto estava na altura de mudar. Houve então um dia, num jogo, em que eu estava no banco e o árbitro assistente estava ali ao pé de mim então comecei a perguntar-lhe como é que se era árbitro e o que é que podia fazer para se ser árbitro e ele foi-me respondendo. Depois comecei a pesquisar, no meu caso, na Associação de Futebol de Lisboa e inscrevi-me, foi uma coisa de momento fruto de não haver muitos escalões para a minha idade, pouco tempo de jogo e depois as equipas profissionais começaram a crescer para um patamar que eu achava que já não ia atingir", começou por referir.

A juíza de 27 anos participou em três edições da Festa do Futebol Feminino, enquanto árbitra distrital e, mais tarde, já como árbitra da Federação Portuguesa de Futebol:

"No sábado vão ter árbitras de escola, árbitras de clube e, na altura que eu fui, árbitras do distrito. Os distritos enviavam jovens árbitras que tinham acabado de tirar o curso, no meu caso, fui dois anos seguidos. No meu terceiro ano, já fiz parte da organização, juntamente com mais duas colegas, também dos quadros nacionais, eu aí já era árbitra da Federação e acabei por estar na festa sempre como árbitra", disse.

Foi aos 15 anos de idade que Inês Andrada entrou para o Futebol Benfica como guarda-redes e mais tarde veio a integrar a equipa do 1.º de Dezembro. Após algumas conquistas aos serviços dos clubes, Inês decidiu que não queria pendurar as chuteiras mas sim dar-lhes um outro uso:

"Quando eu era jogadora, o dia da Final da Taça de Portugal culminava com o dia final das decisões dos interassociações e, portanto, acabava por ser um momento competitivo entre distritos, não por clubes ou por escolas, e no fim íamos com os equipamentos das seleções assistir à final da taça ao Estádio Nacional, no Jamor.

Estes são dias que marcam aquilo que podem ser os nossos sonhos do futuro. Enquanto jogadora, sempre sonhei estar numa final da Taça de Portugal e acabei por conseguir. Nos interassociações o que nós queremos é chegar à Seleção Nacional. Neste tipo de eventos de clubes, a nossa ambição é ganhar o campeonato e a Taça de Portugal. Enquanto árbitra é igual, quando eu arbitrava nestes escalões e depois ia assistir ao final da Taça de Portugal que não tem só duas equipas, tem também uma terceira que é a equipa de arbitragem, põe-nos a sonhar e a pensar se algum dia seremos nós a estar naquela posição. É um momento que guardamos com imensa alegria, com muito fair-play", referiu

Para as jovens jogadoras que se deslocam este sábado até á Cidade do Futebol, Inês Andrada deixa uma mensagem:

"Quem quer que seja que goste de futebol, que chegue a um patamar na sua carreira desportiva e que pense que, se calhar, não vai conseguir dar mais mas não quer sair, a arbitragem é um caminho, tal como foi para mim. É um caminho que está cheio de oportunidades, o futebol feminino está cada vez mais desenvolvido e, com isso, muitas oportunidades a nível distrital, nacional e internacional.

A todas as outras meninas que querem continuar a jogar, que venham, que passem a palavra, que chateiem os pais para que, no futuro, não seja só um dia e que seja um fim de semana inteiro. Futebol é para todos e que venham cada vez mais meninas", rematou.