Webinar sobre igualdade de género no desporto concluído

Portugal Football School

Saiba o que de mais importante se disse no último painel, intitulado "O olhar dos decisores e de outros intervenientes”.

O terceiro e último painel do webinar "Mulher, Desporto e Igualdade - O olhar dos decisores e de outros intervenientes", organizado pela Portugal Football School, teve como protagonistas Rosa Monteiro (Secretária de Estado para a Igualdade e Cidadania), João Paulo Rebelo (Secretário de Estado da Juventude e Desporto), Juliana Sousa (vice-presidente da Federação de Andebol de Portugal), Sílvia Moreira (presidente do ADCR Caxinas Poça Barca) e Ana Brochado (vogal do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol). 

Num debate moderado por Rita Ferro Rodrigues, da equipa de Intervenção Social da FPF, foi notória a convergência quanto à necessidade de implementar medidas concretas para a promoção da igualdade de género. As intervenções de Rosa Monteiro foram direcionadas precisamente nesse sentido: "A prática desportiva não é neutra sob o ponto de vista das relações sociais de género. Desde os estereótipos que enformam a nossa visão, a nossa representação, em relação ao que nos parecem ser as opções em termos individuais – nunca o são, por serem condicionadas - até à forma como interpretamos os comportamentos e as performances de homens e mulheres. Também as práticas de funcionamento e financiamento que têm perpetuado este mundo tão assimétrico – como tantos outros, sublinho. Só com reflexividade, reconhecimento e ações podemos resolver as situações", referiu a Secretária de Estado para a Igualdade e Cidadania.

Rosa Monteiro elogiou também a FPF por ter criado uma plataforma para a denúncia dos diversos tipos de discriminação - a "Futebol para tod@s": "É fundamental haver sistemas amigáveis de acesso à denúncia porque muitas vezes são diversos os obstáculos que as vítimas das diversas formas de discriminação enfrentam. A facilitação da denúncia, partindo de uma entidade como é a FPF, com o impacto público e o efeito pedagógico que tem, é fundamental. Há que ter medidas concretas porque só assim se transforma a realidade."

Na sua última intervenção, a governante defendeu que as boas práticas do mundo empresarial devem ser adotadas sem rodeios pelos agentes desportivos: "Temos de ter intervenções multissetoriais, mas não ter receio de ferramentas que já estão testadas e que comprovaram serem eficazes, como é o caso dos limites de paridade e de representação equilibrada, as ditas quotas, sendo que quotas são sempre para minorias e as mulheres não são minoria."

João Paulo Rebelo salientou o papel essencial do trabalho desenvolvido pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) no combate às desigualdades de género e a vontade do Governo em apostar nessa causa: "O investimento no Programa Nacional Desporto para Todos foi triplicado [é agora de 3ME em Orçamento de Estado] através do Plano Extraordinário de Apoio ao Desporto e tem dado excelentes resultados nesta lógica da criação de oportunidades e de igualdade de género. Registámos 45% de participação feminina, um número que contrasta positivamente com a média de 30% que se registam nas federações olímpicas", disse o Secretário de Estado da Juventude e Desporto, destacando ainda mais dois programas que a tutela tem em andamento: o Plano Nacional para a Ética no Desporto e o Desporto Escolar. 

Juliana Sousa, vice-presidente da Federação de Andebol de Portugal, foi taxativa: "As mulheres estão a pedir a mudança nestas situações. A igualdade de género é uma questão de direitos humanos. O facto de eu estar na direção da FAP é ajudar mais mulheres a chegarem lá porque todas nós temos valor. Queremos igualdade de oportunidades e ser olhadas da mesma forma que os homens."

Sílvia Moreira, presidente do ADCR Caxinas, mostrou-se satisfeita pela presença de dois elementos do Governo numa conferência, considerando-a como um "sinal de que as pessoas que decidem estão atentas as estas matérias". A dirigente recordou ainda que “as mulheres não querem ser beneficiadas, lutam apenas pela igualdade, com base na sua competência e no seu trabalho", mostrando-se ainda preocupada com as baixas taxas de voluntariado feminino no desporto: "A pandemia veio reforçar essa situação."

Ana Brochado, vogal do Conselho de Arbitragem da FPF, assume que "a igualdade de género é um desafio grande na arbitragem porque a ideia não é que árbitras femininas apitem apenas jogos femininos, mas sim que coabitem com os árbitros masculinos em todas as competições", revelando ainda que "já há árbitras em processo de formação para serem VAR". A chave do sucesso da arbitragem nesta matéria, segundo Ana Brochado, é o companhamento específico da mulher nesta realidade, sempre tendo como base a meritocracia.


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