Seleção A

Gabriel: “Andei uma semana sem dormir”

Seleção A

Jogo: Portugal-Suíça, 1-0. 30 de março de 1977. Estádio dos Barreiros, Funchal.

Gabriel, lateral-direito do FC Porto de Pedroto, lembra-se como se fosse hoje do dia em que recebeu uma das melhores notícias da sua carreira de jogador profissional de futebol. “O Luís César, que era o secretário-técnico, chamou-me no fim de um treino, e mostrou-me o fax que tinha recebido da Federação Portuguesa de Futebol. Peguei nele, e lá vi o meu nome: Gabriel. Sim, estava convocado pela primeira vez para a seleção nacional”.

Gabriel, que na altura tinha 23 anos, reconhece que a notícia foi surpreendente – “nunca pensei lá chegar” –, argumentando que, nesse ano de 1977, a seleção era constituída por “quase toda a equipa do Benfica”. No jogo da estreia de Gabriel não foi tanto assim. O importante é ter sido “muito bem recebido, tenho de o dizer, foi cinco estrelas”, encontrando, no entanto, um único senão no primeiro voto de confiança dado por Juca: “Andei uma semana sem dormir. Sabe como é, toda aquela ansiedade, a ansiedade apodera-se de nós, e não nos deixa dormir. Depois, só pensava: “Cheguei à seleção principal, estou cá, uma coisa de que nem em sonhos imaginava”.

O seu jogo de estreia correu bem, apesar de não contar para nada pois tratava-se de um “amigável”, mas reconhece que, nos primeiros 20 minutos, sentiu alguma pressão. “Nada que não se resolvesse de imediato; a partir daí soltei-me e joguei ao meu melhor nível”, precisou. “No fim, todos me deram os parabéns, havia sentido de equipa, o tal espírito, e todos se davam muito bem. Depois, sabe como eu era: dava sempre o “litro” e isso agradava-lhes”.

No percurso pela Seleção principal, Gabriel, que hoje em dia é taxista numa das praças na cidade do Porto, ainda foi chamado por mais 20 vezes – “nunca disputei uma fase final, só jogos de qualificação” – e sempre como lateral direito, uma posição que, reconhece, fica a dever a Pedroto. “Quando Pedroto chegou ao FC Porto, disse-me: “Já te vi jogar em muitos lugares, mas nunca te vi a jogar na posição em que tu és melhor: lateral-direito”.

Ficou aí traçado o seu futuro no campo: “O que eu queria era jogar, e disse-lhe: ponha-me onde quiser, menos a guarda-redes. Reconheço que Pedroto tinha razão. Foi o melhor lugar para mim”. O lugar onde chegou à seleção e por lá se fixou.

 

 


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