Seleção A

João Laranjeira: estreia internacional agridoce

Seleção A

11 de junho de 1972. Equador 0-3 Portugal. Estádio Humberto Castelo Branco, Rio de Janeiro.

João Gonçalves Laranjeira ficou a saber que tinha sido convocado pela primeira vez para a Seleção Nacional A depois da final da Taça de Portugal da época 1971/72. O então Selecionador Nacional, José Augusto, falou com o antigo defesa-central do Sporting CP (mais tarde representou também o SL Benfica, por exemplo) e comunicou-lhe que estava convocado para a Taça Independência do Brasil, também designada como Minicopa: “Não estava à espera de ser chamado. Nunca fui muito de ligar a isso. Simplesmente jogava e lia no jornal que já era altura de o Laranjeira ser chamado à Seleção. Nesse momento nunca me passou pela cabeça que podia ir. Já tinha sido convocado para estágios de observação, mas aí havia muitos jogadores. Nunca foi uma obsessão”, garantiu.

A integração no grupo de trabalho que tão boa conta deu de si em terras de Ver Cruz – Portugal apenas perdeu na final frente à equipa “canarinha”, que marcou o golo do triunfo por Jairzinho aos 89’ – não podia ter sido melhor: “Lembro-me de ficar com o Humberto Coelho no mesmo quarto, tanto aqui como no Brasil. Foi tudo muito fácil porque o ambiente na equipa era ótimo. Conhecíamo-nos todos e tinha lá colegas do Sporting como o Damas, o Dinis, o Chico Faria, o Peres. Era uma equipa jovem – eu, o Humberto, o Nené, o Jordão… - misturada com alguns jogadores mais experientes”, salientou.

Titular ao lado de Humberto Coelho no primeiro jogo da prova, diante do Equador, João Laranjeira cumpriu o sonho de representar o país ao mais alto nível: “Lembro-me que levámos uma bandeira do Brasil quando entrámos em campo. Ganhámos 3-0 e o jogo correu-me muito bem. O momento do Hino foi particularmente marcante”, admite.

Tudo corria normalmente e a dupla de defesas-centrais repetiu a titularidade no encontro seguinte, frente ao Irão, com nova vitória por 3-0. A má notícia surgiu depois: “Quando saí de Portugal levava uma carta de um tio que estava no Brasil. Tinha ido para lá com 17 anos e eu não o conhecia. Ele foi ter ao nosso local de estágio e tínhamos combinado que também ia estar com o resto da família uns dias depois, mas entretanto recebi um telegrama do meu irmão a dizer que o nosso pai tinha falecido. Fiquei ‘abananado’, fui a casa do meu tio mas ele não estava lá. Conheci a minha tia, disse-lhe o que se tinha passado e voltei para Portugal. Na prática, fiz dois jogos na Minicopa e regressei.”

Questionado sobre o momento mais marcante vivido de Quinas ao peito, João Laranjeira nem hesitou: “Eu ia à Seleção A de quatro em quatro anos, praticamente. Em 1976 tivemos um jogo com a Itália, que na altura era campeã do mundo, e isso marcou-se porque tinha regressado de duas lesões bastante graves no joelho e de repente estava ali a jogar com aqueles craques todos. Foi um regresso muito desejado. Gostava de saber se alguém no mundo sem rótula no joelho chegou a ir à Seleção e a jogar em grandes clubes”, concluiu.


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11 de Setembro 2020
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