André Sousa pede consistência e solidez

Futsal - Seleção A

O guarda-redes defende que, ultrapassada a ansiedade do primeiro jogo, a Equipa das Quinas vai querer demonstrar a sua qualidade para evitar ser surpreendida diante dos Países Baixos.

A Seleção Nacional de futsal prosseguui esta sexta-feira com a preparação para o jogo da segunda jornada do Campeonato da Europa Países Baixos 2022, depois do triunfo de quarta-feira, diante da Sérvia, por 4-2, no encontro que abriu a competição.

A formação lusa treinou esta tarde no pavilhão Waterwijk já com André Coelho integrado nos trabalhos. Bebé, com uma lesão muscular no gémeo interno (à direita), não treinou e será alvo de reavaliação.

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A Equipa das Quinas defronta no próximo domingo, pelas 16h30 (17h30 locais), o anfitrião da competição, na Ziggo Dome, em Amesterdão. A partida pode ser acompanhada em direto na RTP 1. A outra partida do grupo A também se joga no domingo, pelas 13h30 (14h30 locais), no mesmo recinto.

André Sousa considera que o mau início diante da Sérvia se deveu a alguma ansiedade própria do início da competição, mas que o triunfo acabou por surgir de forma natural quando Portugal estabilizou o seu jogo.

“A nossa entrada no Europeu acaba por ter um saldo positivo. Não só pela vitória! Para mim, um dos jogos mais difíceis é sempre o primeiro jogo do Europeu, devido à ansiedade e ao nervosismo que são normais na competição. Depois de muito tempo de preparação, com pouca competição e mais carga de treinos. Houve a ansiedade própria que a competição causa, mas também a ansiedade de querer jogar e competir, por termos saudades disso. Acho que Portugal foi melhorando ao longo do jogo. Entrámos um pouco receosos, a poder dar um pouco mais de mobilidade ao jogo - acho que faltou maior mobilidade. Tivemos pela frente um Sérvia bastante inteligente e pragmática. Percebeu bem a estratégia que tinha para o jogo de Portugal, que eu acho que foi inteligente. Surpreendeu-nos um bocadinho e apareceu a ganhar por 2-0. Depois conseguimos estabilizar e normalizar o nosso jogo. Acho que o 4-2 acaba por surgir com alguma naturalidade.”
 

André Sousa falhou o Mundial da Colômbia em 2016 por lesão (foi rendido por Cristiano), foi titular no Europeu da Eslovénia em 2018, foi chamado para o Mundial-2021 à última hora (substituiu Edu na véspera da partida para a Lituânia) e voltou a fazer parte do leque de primeiras escolhas de Jorge Braz para o Euro-2022 (juntamente com Edu que acabou por ser rendido por Bebé). O guarda-redes de 35 anos considera que estas situações de lesão, de melhor ou pior forma nos momentos das fases finais fazem parte do percurso.

“Acho que faz parte da vida de um atleta. Falamos de uma carreira, muitas vezes de 20 anos e mais profissionalizado. Sabemos que há várias situações que fazem parte do percurso – desde lesões, desde momentos menos ou mais positivos… acho que o importante é fazer o aproveitamento dos momentos bons e saber lidar com os momentos menos bons. É isso que faz com que uma carreira acabe por ter ou não sucesso. É preciso saber lidar emocionalmente com cada um desses momentos. Depois, também é preciso perceber que em cada momento da época acaba por surgir uma competição que nos poderá dar ou não uma oportunidade. Falhei algumas competições por lesão, estive em outras competições, mas acabei por não jogar por opção… As coisas acabam por ter uma ordem natural e lógica. A minha carreira não exceção e se olharmos outras carreiras acabamos por ter exemplos destes também. Esses momentos acabam por fazer parte, mas essencialmente temos de aproveitar os momentos em que nos sentimos bem e em que temos a oportunidade de jogar, para agarrar as oportunidades e mostrar o nosso trabalho e a nossa qualidade.”

O guarda-redes que soma 104 internacionalizações, que se estreou de Quinas ao peito em 2009 e disputou a sua primeira fase final em 2010 (no Europeu disputado na Hungria), tem vindo a trabalhar com diversas gerações de jogadores. André Sousa foi campeão da Europa e do Mundo de destaca que o ambiente que se vive atualmente na Seleção é um dos responsáveis pelas conquistas.

“Já lá vão 12 anos desde que comecei a vir cá. Apanhei muitas gerações desde o início do meu percurso até agora e muita coisa tem mudado. Acho que as coisas estão mais estabilizadas e normalizadas. Hoje vive-se um ambiente excecional. Como todos podem ver… o jogo [diante da Sérvia] acaba por demonstrar isso também. Nos momentos crucias acabamos por mostrar um espírito de sacrifício e de união entre todos bastante saudável. Acho que isso acaba por se espelhar nas vitórias. As coisas não acontecem por acaso e muitas vezes as vitórias caem para o nosso lado porque existe esta energia boa entre todos. Hoje vive-se um ambiente excecional na Seleção e eu acredito que seja para manter durante muitos anos, porque só trará coisas boas ao nosso país.”

André Sousa espera um jogo difícil diante dos Países Baixos e defende que o importante é sempre olhar para o próximo jogo, até porque cada partida e cada adversário vai ter exigências diferentes.

“Não gosto de olhar para um percurso como um Campeonato da Europa de uma só vez, pois estamos a falar de três semanas com uma intensidade brutal. Gosto de ir jogo a jogo, pensando dessa forma. Vão-nos ser colocados problemas diferentes em jogos diferentes, com adversários também eles diferentes.  Vamos ter de utilizar estratégias diferentes. Vamos ter problemas impostos, que são próprios da história jogo, que nos vão obrigar a adaptar. Temos de pensar jogo a jogo. Esta é mesmo a minha forma de ser e de estar. Vamos ter pela frente uns Países Baixos surpreendentes, com quem jogámos há dois meses [em novembro]. Percebemos que há muita qualidade individual em cada um dos jogadores numa seleção que está a emergir agora e que está a olhar para o futsal como uma boa oportunidade. Obviamente, não queremos ser surpreendidos. Queremos mostrar a nossa qualidade, fazer um jogo consistente e sólido durantes os 40 minutos. Só depois pensar na Ucrânia… acho que um pouco do nosso sucesso, tanto no Europeu como no Mundial, passou um pouco por pensarmos minuto a minuto, jogo a jogo… para irmos o mais longe possível.

O Selecionador Nacional, Jorge Braz, referiu anteriormente que este Europeu ia ter, de certeza, surpresas. A Sérvia chegou a estar em vantagem por 2-0 diante de Portugal, os Países Baixos bateram a Ucrânia. Nas partidas do Grupo B os favoritos à vitória não venceram - o Cazaquistão e a Itália empataram as suas partidas diante da Eslovénia e da Finlândia, respetivamente.

“Os 12 anos que tenho na Seleção Nacional fazem-me perceber a evolução que tem acontecido na Seleção Nacional - não só com as conquistas dos títulos, mas principalmente com a sua consistência exibicional em cada um destes torneios -, mas também a maior competitividade que tem vindo a acontecer nestes torneios que são muito mais difíceis. Os jogos são muito mais equilibrados. Já tinha reparado nisso no Mundial… Todos os jogos podem-se ganhar por 4-2, 5-3… antigamente ganhava-se por 10-0, 10-1, 10-2. Tínhamos as equipas favoritas a ganhar com toda a certeza - hoje ganham, mas ganham com mais dificuldade. Jogos como os que aconteceram ontem, em que temos o empate do Cazaquistão [com a Eslovénia] e o empate da Itália com a Finlândia. Toda a gente sabia que a Finlândia e a Eslovénia são excelentes seleções… são equipas muito competitivas, muito organizadas e muito inteligentes taticamente - a abordar estratégias de forma muito inteligentes para cada um dos adversários. Acho que a evolução tem sido grande em todos os países e é por isso que lutamos também – por jogos mais competitivos e difíceis. Hoje dificilmente iremos encontrar, em Europeus e em Mundiais, jogos ganhos deste o seu início. Há sempre jogos muito equilibrados. Os Países Baixos acabam por surpreender um pouco – não nos surpreenderam a nós, porque já sabíamos da qualidade que tinham… as seleções têm evoluído… há uma preocupação em melhorar o jogo, aprendendo com as melhores seleções… os jogos tornam-se mais competitivos e mais interessantes para o público.”  
 
Vitória lusa poderá valer primeiro lugar no Grupo A à segunda jornada
Na ronda inaugural, Portugal bateu a Sérvia (4-2) e os Países Baixos triunfaram diante da Ucrânia (3-2).

Se os ucranianos não vencerem diante da Sérvia na segunda ronda, Portugal, em caso de vitória diante dos Países Baixos, pode garantir, desde logo, o primeiro lugar do Grupo A - neste caso, ficará com seis pontos e com a vantagem no confronto direto diante de Sérvia e de Países Baixos (se a Ucrânia não vencer a Sérvia, poderá terminar o grupo, no máximo, com quatro pontos). Se Portugal (ou Países Baixos) e Ucrânia vencerem na segunda ronda, as contas do Grupo A terão de ser feitas apenas na terceira ronda, pois serão três as equipas que poderão terminar com seis pontos - nesse caso, é preciso fazer as contas aos golos marcados e sofridos nos jogos entre as três equipas em questão.

André Coelho integrado
O jogador da Equipa das Quinas, que testou positivo à Covid 19 no final do estágio realizado em Rio Maior, chegou ao início da tarde a Amesterdão.



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21 de Janeiro 2022
Foto

André Sanano/FPF

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