ALFREDO: “Devo ser o único que não sofreu golos”

Seleção A

20 de abril de 1994. Noruega, 0 - Portugal, 0. Ullevaal Stadion (Oslo)

Alfredo, que se destacou na baliza do Boavista, tem poucos jogos pela Seleção Nacional – três no total – mas bons, pois não encaixou qualquer golo. “Devo ser o único guarda-redes que não sofreu golos pela Seleção”, refere-nos, meio a sério meio a brincar.

Sobre o jogo da sua estreia, contra a Noruega, em Oslo, Alfredo lembra-se como se fosse hoje. “Fui chamado pelo Nelo Vingada, e, como é natural, fiquei não só muito feliz como orgulhoso”, precisa o ex-jogador, que ainda hoje trabalha no Boavista.

Depois de ter sido chamado várias vezes a treinos da Seleção Nacional, Alfredo conseguiu finalmente a primeira internacionalização, num encontro de preparação e em que atuou em toda a segunda parte, substituindo Neno. “Tive a praxe normal, lembro-me bem, com uns cachaços e algumas ‘partidas’”, recorda da sua estreia, então com 31 anos.

“Fiz uma boa exibição, aliás o Nelo Vingada deu-me os parabéns no fim”, esclarece, lembrando que “tive muito trabalho, pois os noruegueses, fisicamente poderosos, não deixaram de cruzar muitas e muitas bolas para a área”.

Alfredo regressou à Seleção no ano seguinte, desta vez chamado por António Oliveira, e para participar no Torneio SkyDome, no Canadá. Voltou a cumprir, pois foi titular no jogo decisivo com a Dinamarca.

“Ganhámos 1-0, com golo do Paulo Alves já na parte final, e vencemos o Torneio, o que foi ótimo. E para mais contra um adversário, que, na altura, era campeão da Europa em título”, frisa Alfredo que, além de três chamadas à Seleção principal, soma ainda mais três pelos sub-21 e outras tantas pela Seleção Olímpica.

Quando se lhe pede uma justificação para o seu curto currículo na Seleção, alega ter sido “um jogador irreverente”, ou melhor, e como o próprio esclarece, “por ter a língua um pouco destravada”, mas sobretudo com a qualidade dos guarda-redes da sua altura – Bento e Damas, numa primeira fase, e depois Vítor Baía, e sem esquecer Zé Beto, Neno e Silvino. “Qualquer um deles muito bom, mas estou em crer que perdi bastante por ter sido jogador do Boavista”, precisa Alfredo, e “por dizer sempre o que pensava”, acrescenta. Avança com um exemplo. “Por altura do Mundial do México, falava-se muito que eu seria o terceiro guarda-redes, logo a seguir ao Bento e ao Damas. Dei então uma entrevista e afirmei que iria discutir o lugar com eles. E quando me confrontaram com a frase do José Torres, aquela famosa frase “Deixem-me sonhar”, eu respondi, “Espero que ele sonhe comigo”. Era um bocado destravado e acabei por me prejudicar por isso”, afirma o ex-guarda-redes, que, na convocatória para o Mundial do México, acabou por perder o lugar para Jorge Martins. 

Alfredo defendeu mais uma vez a baliza nacional, num jogo com o Liechtenstein – vitória por 7-1, a contar para a qualificação do Campeonato da Europa de 1996. “Fui titular e depois substituído pelo Rui Correia, já na parte final. Ele é que sofreu o golo”.

No seu álbum de boas memórias na Seleção Nacional, recorda com “muito orgulho” a sua presença na fase final do Europeu de Inglaterra, com António Oliveira, tendo sido sempre suplente de Vítor Baía. “O que é certo é que estive numa fase final, o que é muito bom”, precisa Alfredo, que, quando olha para trás, se mostra “feliz com o que fez pelo futebol português”.


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