"Mulher, Desporto e Igualdade" - O Olhar das Atletas

Portugal Football School

Recorde o que foi dito no segundo momento do dia.

O segundo painel teve como título "O Olhar das Atletas" e contou com a participação de Telma Monteiro (judo), Susana Costa (atletismo), Carla Couto (futebol) e Patrícia Resende (andebol), sob a mediação de Elsa Bicho (Fundação do Futebol Liga Portugal).

O momento começou com a análise à novidade lançada por Fernando Gomes no discurso de abertura do webinar. Carla Couto considerou importantíssimo as atletas terem a possibilidade de denunciar momentos em que se sintam discriminadas e abusadas.

A antiga atleta revelou ainda as dificuldades sentidas nos seus primeiros anos de carreira, dificuldades que só foram ultrapassadas pelo amor que todas as jogadoras tinham pela modalidade. “Estava a fazer o que gostava e o que os outros diziam pouco me importava”, referiu.

Telma Monteiro reviu-se em algumas dificuldades apontadas por Carla Couto, recordando alguns comentários que ouviu quando começou a sua carreira. Salientou a necessidade de as atletas se mostrarem superiores às opiniões alheias, como o têm feito até agora e elogiou a criação da plataforma de denúncia de casos de discriminação.

Susana Costa considera que nunca sentiu discriminação, mas que isso costuma acontecer mais em desportos coletivos. Contudo mostra-se solidária e com vontade de ajudar as mulheres que já o sofreram e considera importante que a sociedade acredite no valor das mulheres e lhes dê oportunidades.

Patrícia Resende, a atleta mais nova do painel, concorda que os desportos coletivos tendem a ser mais discriminados, mas salienta que as coisas estão a evoluir e que as gerações vindouras vão sentir cada vez menos discriminação. Lamenta situação do andebol de praia, onde as jogadoras ouviam muitos comentários relativamente ao seu aspeto físico, o que fez com que muitas atletas desistissem da prática da modalidade. Salienta que não gosta de ouvir qualquer tipo de comentários ao seu físico, ao das suas colegas ou ao das suas adversárias.

Carla Couto disse que as atletas deveriam ser avaliadas pela sua competência e não pelo corpo que têm, pedindo a todas que não se inibam e que denunciem os casos que tenham conhecimento, porque esses comentários não devem impedir uma pessoa de realizar uma coisa que tanto gostam de fazer.

Telma Monteiro lamenta que haja tão poucas mulheres em cargos de chefia no desporto e que isso pode fazer a diferença. Revê-se na adoção de quotas, mas diz que isso não é solução a médio/longo prazo. Salientou a importância de que essas coisas aconteçam de forma natural. Susana Costa concordou com a judoca e considerou que isso poderia ser bastante benéfico para o desporto português.

Sobre os comentários ofensivos, Carla Couto sugere que se comece a identificar as pessoas que fazem observações maldosas e se comece a bani-las dos estádios e pavilhões. Telma Monteiro considera que isso é complicado, mas que no judo isso, felizmente, já é mais raro, mas concorda que cada modalidade deveria ter as suas próprias medidas de restrição destas atitudes.

Sobre os efeitos da pandemia, a antiga jogadora de futebol Carla Couto tem receio que isso prejudique a evolução do futebol feminino, pela desmotivação global e desinvestimento que podem ser criados, e diz que se tratam de mais desafios para quem coordena tentar resolver da melhor forma.  


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