"Mulher, Desporto e Igualdade" - O Olhar dos Media

Portugal Football School

Saiba o que foi dito no primeiro painel do dia.

O primeiro momento do dia teve como tema "O Olhar dos Media", tendo sido moderado por Andreia Matos e contado com a participação de Lauren O'Sullivan (The Football Association), José Manuel Ribeiro (O Jogo), Paulo Sérgio (Antena 1) e Mónica Mendes (Sporting CP).

Antes das intervenções dos protagonistas, a sessão foi aberta pelo Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, que recordou a igualdade de género como uma das causas do organismo que tutela o futebol português: "A FPF nunca deixará de lutar pela igualdade e será sempre um ator de primeiro plano na luta contra qualquer tipo de discriminação. Sabemos que está é uma luta que passa não apenas pela criação de condições para as mulheres fazerem desporto e nomeadamente poderem jogar futebol mas igualmente por estabelecer regras e dar exemplos e praticar valores condizentes com os da nossa história. A duplicação, em nove anos, do número de praticantes federadas, a gestão de 24 competições femininas e 12 seleções nacionais não nos chega. Queremos continuar esta trajetória ascendente, conseguir ainda melhores resultados a nível nacional e internacional."

O responsável máximo da FPF anunciou também mais uma medida concreta no combate à discriminação: "Queremos principalmente assumir o nosso papel de catalisador de uma sociedade mais igualitária e justa e é por isso com enorme satisfação que posso anunciar em primeira mão que a FPF está a trabalhar na criação de uma plataforma digital - Futebol para Tod@s  -que vai agregar todo o trabalho feito nesta área de intervenção social. Este novo instrumento permitirá - como em outras áreas de intervenção da FPF - denunciar qualquer forma de discriminação de género, raça, orientação sexual ou discriminação de pessoas com deficiência. Essas mesmas denúncias serão acompanhadas e punidas dentro do nosso quadro normativo pela FPF."

Mónica Mendes foi primeira orador a intervir e começou por salientar o crescimento que o futebol feminino teve na última década. O próprio sucesso da Seleção Nacional e o processo de maturação da Liga BPI foram assinalados como possíveis razões, bem como o acompanhamento constante do Canal 11 e as maior acompanhamento dos jornais. Contudo, salienta que ainda há um longo caminho a percorrer.

José Manuel Ribeiro diz que foi a FPF que levou a que os media dessem destaque ao futebol feminino. "Não foi um mérito da imprensa, foi o investimento da FPF que deu relevo ao futebol feminino e levou a que os media falassem mais sobre o assunto”. O mérito da Seleção Nacional no apuramento para o Europeu 2017 foi apontado como marco importante no desenvolvimento da modalidade, opinião partilhada por Paulo Sérgio.

O jornalista da Antena 1 confessa que há 10 anos não pensava que iria noticiar resultados do futebol feminino, mas que o passaram a dar, depois do apuramento para o Europeu de 2017. Revela que a estação vai, em breve, começar a ter um programa ao fim-de-semana dedicado ao futebol feminino e à Liga 3 e diz que isto só vai acontecer porque “há público para isto”.

Lauren O’Sullivan abordou o futebol feminino em Inglaterra e considera que é crucial existir visibilidade para o crescimento da indústria, abordando as estratégias que a Federação Inglesa de Futebol realizou para aumentar o interesse dos ingleses no futebol praticado por mulheres. A ambição do organismo passa por tentar nivelar o interesse, as receitas e as atenções mediáticas entre o futebol masculino e feminino.

Mónica Mendes vê nos media uma estratégia de atrair mais jogadoras para o futebol feminino e, consequentemente, melhorar a Seleção Nacional. A atleta que passou pelos EUA recorda alguma das formas de atrair interesse que existiam no “outro lado do Atlântico” e considera necessário abolir-se o termo ‘futebol feminino’ e falar-se apenas em futebol. Considera ser o grande passo a nível cultural para se diminuir diferenças. No seu entendimento há uma maior aceitação pela prática de futebol por mulheres, mas ainda não existe igualdade com o futebol masculino.

Sobre um eventual machismo no futebol português, José Manuel Ribeiro considera que se tratam de “momentos de estupidez” das pessoas. Considera normal e até benéfico haver ainda diferenças entre o futebol feminino e o futebol masculino, porque ambas as situações estão em processos diferentes. Lembra o caso do andebol masculino que os sucessos recentes trouxeram mais atenção do país à Seleção Nacional e diz que quando os grandes feitos começarem a acontecer com mais regularidade, o desporto ganhará com isso. Quanto à cobertura jornalística do jornal O Jogo, José Manuel Ribeiro revela as estratégias do jornal, dizendo que a política passa por apresentar histórias e não tanto falar sobre os jogos que aconteceram. Revela dificuldades de o jornal dar todo o espaço desejado ao futebol feminino na edição em papel, pelas questões financeiras e falta de meios e revela ainda que há uma baixa porção de mulheres a ler jornais desportivos.

Lauren O’Sullivan revela os resultados das estratégias inglesas no que toca à atração de mulheres a praticar futebol. Em 2020, estavam federadas 3,4 milhões de jogadoras, entre formação e profissionais, mas considera que ainda há muito por se fazer.


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