O dia que mudou o futebol português

Seleção A

Dia 10 de julho de 2016 Portugal conquistou o Campeonato da Europa. Um golo de Éder selou o destino de um País.

Depois de ter estado perto várias vezes de conquistar o título desta vez o Henry Delaunay, nome do troféu entregue nas edições do Campeoanto da Europa, não escapou mesmo. A vitória, merecida, suada e sofrida, foi alcançada após uma campanha histórica onde a união, a inteligência e o talento portugueses fizeram a diferença. Uma jogada iniciada numa recuperação de bola de João Moutinho que também faria a assistência final, teve participações especiais de William e Quaresma, antes de ir parar aos pés de Éder que concretizou, com fato de gala e luva branca no bolso, a felicidade portuguesa.

A campanha lusa teve tanto de inesquecível como de histórica. Portugal iniciou o Europeu sem ser favorito mas justificou claramente a presença na Final frente a França que, jogando em casa, tinha derrotado, a Alemanha na meia-final.

Depois de um 0-0 nos noventa minutos do jogo, também marcados pela grave lesão e substituição de Cristiano Ronaldo, Éder, que entrara para o lugar de Renato Sanches,após uma excelente jogada coletiva, à passagem do minuto 109´, dispara um remate fortíssimo e muito bem colocado. A bola, num daqueles momentos em que o tempo pára, como que soprada por milhões de portugueses, acaba por fugir inapelavelmente de Loris. Em vantagem, a Equipa das Quinas, com sangue frio e muita alma, aguenta estoicamente e com classe os últimos minutos do prolongamento.

Depois do momento Éder, a explosão máxima de alegria: Mark Clattenburg apita para o final e os milhares de portugueses presentes no Stade de France, que tinham silenciado durante muito tempo os maioritários franceses, puderam celebrar a conquista do primeiro título europeu sénior de futebol.

A caminhada até se iniciara da forma menos convencional. Foi um arranque em que o futebol apresentado, nomeadamente frente a Islândia (0-0) e Áustria (1-1), não teve correspondência no placard e lançou dúvidas sobre o sucesso da participação portuguesa. O enorme domínio, com a criação de mais oportunidades de golo, posse de bola, ataques e remates não resultou em vitórias.

Portugal partiu para o terceiro jogo, frente a uma surpreendente Hungria, com a certeza de que não poderia falhar. O 3-3- final garantiu os oitavos e, mais importante, a presença portuguesa na fase a eliminar. Os três empates só deram confiança acrescida a Fernando Santos, o timoneiro luso, que assegurou a todos os seus compatriotas que só voltaria a Portugal no dia 11 de julho e que seria recebido em festa.

Nos oitavos de final, a Croácia era um adversário justamente temido. Tinha exibido um futebol exuberante e vinha de uma vitória justa frente a Espanha. Num jogo dividido, cada metro do terreno disputado como se fosse junto à linha de golo, Quaresma marcou, após transição rápida, aos 117 (!) minutos. Os quartos de final eram nossos e lá encontraríamos a fisicamente imponente Polónia que tinha, por exemplo, travado a Alemanha, com um empate, numa excelente prestação na fase de grupos.

Lewandowski abriu o marcador logo aos dois minutos mas a contrariedade não atemorizou os portugueses, em particular Renato Sanches, o terceiro jogador mais novo de sempre a marcar numa fase final de um Europeu. O golo do jovem luso levou portugueses e polacos para o desempate por grandes penalidades. Cristiano Ronaldo avisou logo que João Moutinho batia bem. Estes dois jogadores e ainda Renato Sanches, Nani e Ricardo Quaresma marcaram superiormente os penáltis e aproveitaram as duas paradas de Rui Patrício. Portugal iria encontrar nas meias finais o País de Gales de Gareth Bale, a grande surpresa da competição, que eliminara a Bélgica.

Neste duelo, o equilíbrio da primeira metade foi desfeito por Cristiano Ronaldo que, já no segundo tempo, quase parou no ar e no tempo, para cabecear um 1-0. Poucos minutos depois, Nani deixou a sua marca na partida e Portugal garantiu a vitória e uma segunda presença na Final de um Campeonato da Europa, depois da derrota, em 2004, em casa, frente à Grécia.

A França era um adversário com quem tínhamos contas a acertar: no Euro 84, meia-final épica, os gauleses venceram por 3-2 após prolongamento; Europeu de 2000, também nas meias finais, derrota por 2-1, após tempo extra; no Mundial de 2006 outra meia final equilibrada que tombara para o lado francês, com um penalti solitário de Zidane. Os franceses eram ainda mais favoritos pelo seu próprio currículo a jogar em casa: tinham vencido em solo gaulês o Euro 1984 e o Mundial de 1998. A tudo isto resistiu o irredutível grupo de portugueses alojado na pequena aldeia de Marcoussis. O destino parecia estar escrito mesmo antes do jogo: a chegada a Portugal, dia 11, foi apoteótica. Aos microfones, Éder decretou o novo feriado nacional do dia 10 de julho.


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