Seleção A

DIAMANTINO “Fui sempre muito precoce”

Seleção A

18 novembro 1981. Portugal, 2- Escócia, 1. Estádio da Luz.

Tinha 22 anos quando se estreou pela seleção A e lembra que, na altura, “era muito difícil” entrar no grupo de elite de Portugal “sendo ainda por cima jogador do Boavista”, então treinado por Mário Lino. A porta ficou mais acessível a partir do momento em que a Seleção Nacional ficou fora da corrida para o Mundial’82, que seria na vizinha Espanha, e o selecionador Juca resolveu dar oportunidades a quem também as merecia.

Diamantino esteve entre esses para o jogo com a Escócia e recorda-se bem porquê. “Não era nada que não esperasse. Tínhamos [Boavista] disputado duas eliminatórias da Taça UEFA e em qualquer delas fiz boas exibições. Eliminámos o Atlético de Madrid que na altura tinha o Hugo Sanchez, Ruben Caño, Dirceu, Julio Alberto… Era uma equipa fabulosa! Ganhámos 4-1 e eu marquei um golo. Depois em Madrid perdemos por 3-1 mas fiz novo golo. De seguida, apanhámos o Valencia, onde alinhava o Arnesen, aquele dinamarquês que era parecido com o Mick Jagger e que tinha vindo do Ajax. No Bessa, ganhámos por 1-0 com um golo meu de livre direto, mas depois perdemos por 2-0. A juntar a isto, estava a marcar golos no campeonato pelo que a chamada se justificou”, rematou.

A chamada não veio direta. “Naquele tempo, a informação chegava através do clube. Pelo hábito, achava que não era possível lá chegar, pois havia grandes jogadores, poucos jogos de Seleção e quem dominava as convocatórias era o Benfica, Sporting e FC Porto…”

A oportunidade, no entanto, surgiu. “Foi muito bom, até pela idade”, mas até isso não era novidade para Diamantino. “Fui sempre muito precoce nos momentos de seleções. Em 1976, em Évora, frente à Hungria, fui internacional júnior com… 16 anos. Marquei o golo da vitória [1-0]. Só depois é que fui internacional juvenil… Passei logo dos iniciados aos juniores e antecipei as chegadas às Esperanças, aos BB”.

Tão prematuro foi que cumpriu três épocas de seniores com idade de júnior. “Comecei no Vitória FC com 13 anos e entrei nos juniores com 15. Fernando Vaz levou-me para fazer a pré-época nos seniores tinha 16 anos e quando o campeonato começou fiz 17. A maioria dos meus colegas tinha idade para ser meu pai”. O onze está fresco na memória: Vaz, José Lino, Carlos Cardoso, Rebelo, Caíca, Jaime Graça, Tomé, Wagner, Jacinto João, Mirobaldo e eu. E ainda havia o Sabu, o Formosinho, o Lito, o Narciso, o Arcanjo… Acabei por ir para o Benfica ainda com 17 anos”.

Cinco anos depois estava na seleção A. “Lembro-me que foi com a Escócia, na Luz, e que o Manuel Fernandes fez dois golos”. Assim foi, de facto, num encontro que contava para quase nada mas onde Portugal fez uma exibição que vulgarizou a então poderosa Escócia de Souness, Strachan, Gray, Archibald e Dalglish. Os escoceses chegaram-se à frente (Sturrock) mas a Seleção deu a volta com golos de Manuel Fernandes. Diamantino entrou ao intervalo para o lugar de Jaime Magalhães no início de uma bela aventura com as quinas ao peito.

“A melhor recordação é naturalmente o Europeu de 1984 naquela que foi a primeira presença portuguesa num Campeonato da Europa. Depois, o segundo Mundial, 30 anos depois dos Magriços. Foi um grande orgulho apesar de tudo o que se passou”, sublinha Diamantino que aponta outro momento alto: “O primeiro Mundial em que participei como júnior. Foi em 1979, no Japão, e lembro-me bem o grande convívio que tivemos com Maradona. Fizemos a fase de grupos em Kobe e depois viajámos para Tóquio, pois jogávamos os quartos-de-final em Osaka. Ficámos no mesmo hotel com os argentinos e o Maradona passava muito do tempo livre conosco. Ele foi campeão, nós fomos eliminados pelo Uruguai”.


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