Domingos: um Euro sem sardinhas

Seleção A

29 de março de 1989. Portugal-Angola, 6-0. Estádio de Alvalade

Domingos estreou-se na Seleção Nacional A, em março de 1989, por decisão do selecionador Juca. Portugal venceu, então, Angola, por 6-0, em Alvalade, num jogo em que entrou aos 76’, substituindo Pacheco. “Estávamos já a ganhar por 5-0, e o sexto golo foi apontado por Frederico, de cabeça”, recorda.

Domingos despediu-se da Seleção Nacional, em agosto de 1998, num jogo contra Moçambique - vitória por 2-1 -, em Ponta Delgada, e com Humberto Coelho como treinador. Dois momentos que ficarão para sempre marcados na sua memória profissional: o primeiro deles de “orgulho e responsabilidade” por ter conseguido o seu sonho de sempre; o segundo de “grande tristeza” por… ter sido o último.

Dos nove anos em que defendeu a camisola das quinas, Domingos não esquece Juca – “o selecionador que me lançou com 20 anos, um homem tranquilo, muito calmo, um motivador por natureza”.

A presença no Campeonato da Europa em 1996, dez anos depois de Portugal ter marcado presença numa fase final de uma grande competição (Mundial do México) e com o simbolismo de um regresso a Inglaterra volvidos 30 anos da memorável aventura dos Magriços, “foi o ponto alto da minha carreira enquanto jogador da Seleção”.

Domingos recorda ter sido “o melhor marcador na fase de qualificação” e na fase final só lamenta o facto de Portugal ter sido eliminado dessa grande competição pela República Checa nos oitavos-de-final. “Sentimos uma grande injustiça, pois justificámos a vitória. Perdemos por 1-0, com aquele chapéu do Poborsky”, lembra ainda Domingos, que, a este propósito, tem um episódio bem presente na sua cabeça. “Esse jogo foi na noite de S. João e tínhamos sardinhas assadas para o jantar. O Vítor Baía passou a noite a chorar e não comeu nada”.

Domingos carrega a mágoa de se ter despedido quando “ainda poderia ter dado muito mais à seleção”. Até porque o último jogo não lhe deixou gratas recordações. “Comecei por atuar como ponta-de-lança numa frente de ataque com o Figo e o Nuno Gomes mas em toda a primeira parte joguei em mais três posições: à direita e à esquerda e depois até joguei nas costas do ponta-de-lança. Apesar disso, o selecionador tirou-me ao intervalo e eu ainda reagi: “Então, a culpa é minha pelo que está a acontecer?!” De nada valeu argumentar. Para o seu lugar entrou João Pinto e aí terminou o trajeto de Domingos na Seleção.


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