Frasco: "O amargo na boca"

FPF

Jogo: Bélgica-Portugal, 2-0, 17 de outubro de 1979, Bruxelas.

Quando o tema Seleção Nacional vem à conversa, a memória de António Frasco ainda vê, hoje em dia, imagens nítidas do Portugal-França da meia final do Campeonato da Europa de 1984. “Um dos dois jogos da minha carreira que me deixou um amargo na boca”, recorda o ex-médio, precisando que o outro foi a “final da Taça das Taças perdida com a Juventus”, em Basileia, no mesmo ano.

“Nesses dois jogos, sentimos que podíamos ter ido mais longe”, esclarece-nos Frasco, afirmando que “contra a França podíamos ter chegado, pelo menos, aos penaltis”. “Foi uma grande desilusão, pois demos o máximo e justificámos melhor sorte”, refere ainda Frasco, que somou 24 internacionalizações pela principal seleção.

“O que fiz foi bom, poderia ter feito mais e melhor, aliás como todos nós gostaríamos, mas estou satisfeito com o meu trabalho desenvolvido ao serviço de Portugal”.

Nesse Campeonato da Europa de 1984, Frasco lembra que “houve alguns frissons” entre jogadores do FC Porto e do Benfica, pois a rivalidade, por essa altura, tinha atingido níveis elevados. “Lembro-me muito bem que, às refeições, havia mesas só para jogadores do FC Porto e outras só para jogadores do Benfica”. Mas faz questão de sublinhar que, na hora da verdade, tudo mudava. “No campo, esquecia-se tudo. No campo, éramos muito unidos, e o empenhamento era total”.

No álbum das recordações, Frasco tem igualmente bem presente o seu jogo de estreia, contra a Bélgica, derrota por 2-0, em Bruxelas, no ano de 1979, tendo Mário Wilson como selecionador. “Recebi a notícia com orgulho e responsabilidade”, afirma, “mas também com  grande satisfação, pois iria jogar ao lado de grandes jogadores, como por exemplo Humberto Coelho, Oliveira, Alves, Jordão e Gomes, entre outros”.

No seu jogo de estreia, Frasco entrou aos 52 minutos para o lugar de Eurico Gomes. “Joguei com entusiasmo, tentando dar sempre o meu melhor para elevar o nome de Portugal”.

Nessa qualificação para o Campeonato da Europa de 1980, Frasco recorda mais um momento infeliz, quando Portugal perdeu com a Áustria, por 2-1, no Estádio da Luz. “Falhámos aí o apuramento, o que constituiu uma grande desilusão”. E acrescente-se mais uma desilusão no seu percurso pela Seleção Nacional: “Não fiz parte dos convocados para o Mundial do México, em 1986, por me ter lesionado num pulso. Fiz muitos dos jogos de qualificação, mas acabei por não ir ao Mundial devido a lesão”, esclarece.

De Mário Wilson, Otto Glória, Fernando Cabrita, seus treinadores na Seleção Nacional, guarda “bons momentos”, esclarecendo que “sempre tive uma boa relação com qualquer um deles”, mas não esquece o problema entre Wilson e José Maria Pedroto. “Eu fui a causa desse episódio entre eles: Pedroto pediu ao Wilson para me poupar num treino de conjunto, entenderam-se, mas tal não se verificou. Pedroto soube, ficou furioso e a coisa azedou entre eles. Felizmente, tudo foi ultrapassado”, afirma-nos Frasco, que, hoje em dia, trabalha na formação do FC Porto.


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