75 anos a acompanhar um país

Taça de Portugal Placard

O Estádio Nacional prepara-se para receber mais uma grande festa do futebol português no dia 25 de maio.

Inaugurado em 10 de junho de 1944, o Estádio Nacional nasceu da vontade expressa pelos clubes portugueses, onze anos antes, de dotar o país de um estádio de grandes dimensões, que cumprisse simultaneamente as funções de parque multidesportivo para prática de atividade física nas vertentes de lazer e de competição. Esse objetivo foi bem acolhido por um regime, o Estado Novo, que percebeu também as potencialidades do espaço para ações de propaganda, como ficou demonstrado na cerimónia de inauguração, que juntou mais de 12 mil participantes no relvado perante os olhos de 50 mil espetadores.

Mas a dimensão do Jamor como grande palco desportivo transcendeu em muito essa vertente. Palco por excelência das finais da Taça de Portugal a partir de 1946 (apenas com cinco exceções, a última das quais em 1983), tornou-se, desde 1945, a casa mais frequente da Seleção A masculina, que aí efetuou 50 jogos, o último dos quais em 2014. E ficou igualmente na história do futebol europeu ao acolher, em 1967, a final da Taça dos Campeões Europeus, que permitiu ao Celtic de Glasgow tornar-se a primeira equipa não-latina a conquistar o título continental. Antes, por razões mais tristes, ficara associado a um evento que mudou a face do futebol: o último jogo do grande Torino, dominador do calcio, aconteceu no Jamor, em maio de 1949, numa partida de homenagem ao capitão do Benfica, Francisco Ferreira. No regresso, o avião que transportava os italianos despenhou-se à chegada a Turim, provocando 31 vítimas mortais.

Entre os momentos memoráveis que tiveram o Estádio Nacional como cenário conta-se, seguramente, aquela que para muitos é considerada a final rainha das 78 edições da Taça de Portugal já concluídas: o Benfica-Sporting de 1952 (5-4), primeiro embate entre os dois clubes na decisão, sentenciada com um golo no último minuto. A final de 1967, entre o Vitória FC e a Académica também entrou para a história, por ter sido a primeira a ser decidida no prolongamento. Mais precisamente nos prolongamentos, já que o golo de Jacinto João que deu a vitória aos sadinos surgiu aos 144 minutos, já a noite caía no Jamor.

Dois anos mais tarde, a final de 1969, entre Benfica e Académica, deu à festa do futebol um colorido político invulgar, visto que coincidiu com o auge da contestação estudantil ao regime. E já em plena democracia, mês e meio depois do 25 de abril, a final de 1974, concluída com milhares de adeptos de Sporting e Benfica em redor das linhas do relvado, mostrou um Estádio Nacional aberto para uma nova era, que teve ilustração perfeita com as finais “populares” de 1990 (Estrela da Amadora-Farense, com direito a finalíssima) e de 1999 (Beira Mar-Campomaiorense).

Daí em diante, o Estádio Nacional foi capaz de fazer a transição para o século XXI com vitalidade e energia, com a iluminação artificial, inaugurada em 1999, sucessivas obras de melhoramentos e ampliação na zona envolvente, acentuando a ligação à universidade e à formação desportiva e acolhendo em permanência a final de Taça de Portugal do Futebol Feminino a partir de 2010. É toda esta História, com tantas outras histórias dentro, que os finalistas deste ano vão honrar, 75 anos depois do capítulo inaugural.

Nota: Este texto faz parte integrante do programa oficial da final da Taça de Portugal Placard.


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