Internacional portuguesa lança o próximo embate da Seleção Nacional e mostra-se feliz por voltar a jogar de Quinas ao peito.
A Seleção Nacional Feminina A realizou este domingo um treino em Larnaca, onde irá defrontar na terça-feira a sua congénere da Escócia. Antes dos preparos, Jéssica Silva lançou a partida e falou sobre o regresso à competição de Quinas ao peito.
"Estou feliz pelo regresso. Foi bom voltar a jogar pela Seleção e estar com as minhas colegas. É óbvio que gostava que tivéssemos ganho à Finlândia e eu tivesse contribuído mais. Aquele golo delas nos instantes finais foi um golpe duro que não esperava. Mas o jogo não deixa de ser especial pelo facto de ter regressado", começou por referir.
No tempo em que esteve ausente devido a lesão, Jéssica Silva garante ter "sofrido bastante". "Dez meses de sofrimento. Fiz uma cirurgia para reconstruir o tendão de Aquiles. Foi sem dúvida a lesão mais complicada que sofri, em que o processo de dor esteve sempre ligado ao processo de recuperação. Por vezes, era difícil abstrair-me da dor", contou.
A jogadora recordou, também, o regresso aos jogos no Lyon, em janeiro deste ano, num jogo em que marcou com o pé operado: "Quando marquei, lembrei-me logo do Doutor Noronha, que me disse que o meu pé esquerdo ainda daria muitas alegrias. Assim foi. Tinha o receio natural de rematar em força com o pé operado, mas esse sentimento desvaneceu-se após o golo. Voltar daquela maneira foi importante. Deu-me mais confiança e incentiva-me a ser a Jéssica que era antes da lesão".
Sobre o estado de espírito da armada lusa após a derrota com a Finlândia, que hipotecou as chances de apuramento direto de Portugal, a jogadora disse que "não vale a pena disfarçar o sentimento de tristeza que há no grupo". "Ficámos tristes, mentiria se dissesse que não. O nosso jogo não estava a ser perfeito mas estávamos a fazer o que nos competia e estivemos muito perto de marcar e pontuar". Seja como for, frisa a avançada, "Portugal continua a depender só de si próprio e isso é que importa".
No jogo frente à Escócia, Jéssica Silva garante que só a vitória interessa à armada lusa: "O jogo é para ganhar porque queremos voltar para casa com boas sensações e preparar o 'play-off' de abril com mais tranquilidade. Além disso, é mais uma oportunidade para afinar processos e amealhar mais pontos na fase de grupos, o que pode ajudar-nos a subir no ranking".
Ainda assim, não se coíbe de apontar a Escócia como favorita. "Apesar de termos ganho à Escócia já neste apuramento, é uma equipa com mais experiência internacional e mais cotada no ranking de seleções da FIFA. Tem muitas jogadoras a disputar o campeonato inglês, que é um dos mais competitivos do mundo", explicou.
Depois de ter falhado a qualficação anterior e a estreia de Portugal no Europeu de 2017, devido a outra lesão, a jogadora do Lyon não admite a possibilidade de Portugal não passar o 'play-off' que terá pela frente: "Antes, estava a torcer por fora, à distância. Agora estou dentro da equipa e quero muito ir pela primeira vez ao Europeu. Não me passa pela cabeça a possibilidade de Portugal não se apurar. O jogo em Helsínquia foi uma pedra no nosso caminho, mas estou confiante de que não nos impedirá de avançar para Inglaterra".
A nível individual, faz um balanço positivo da aventura no Lyon, para onde rumou no verão de 2019. "É um misto de sensações. Acabei por me lesionar num ano em que achava que me ia impor e conquistar espaço na equipa, mas tive a oportunidade de vencer titulos coletivos muitos importantes, além de ter crescido técnica e taticamente ao treinar com algumas das melhores jogadoras do Mundo", explicou
O facto de se ter tornado na primeira jogadora portuguesa a sagrar-se campeã europeia de clubes não deslumbra Jéssica Silva, pelo contrário: "A minha maneira de ser não se alterou. É um marco bonito na carreira e espero que seja um de muitos. Quero conquistar mais edições da Liga dos Campeões, quero ir a fases finais com a minha Seleção, quero evoluir sempre mais. Sou daquelas pessoas que acreditam que é sempre possível fazer mais e melhor, e que só saindo da zona de conforto conseguiremos traçar novas metas e objetivos".
13.º duelo entre portuguesas e escocesas
O encontro entre Escócia e Portugal está agendado para as 15h10 de terça-feira, em Larnaca, e vai contar com transmissão em direto no Canal 11. A equipa portuguesa entrará em campo com o segundo lugar do Grupo E garantido, bem como o 'play-off' de acesso ao Europeu de 2022.
A Escócia, 21.ª no ranking FIFA de seleções, surgirá no caminho de Portugal pela 13.ª vez e não guarda boas memórias dos dois últimos encontros oficiais com a equipa de Francisco Neto: perdeu por 1-0 em novembro passado, no Estádio do Restelo, o que afastou a equipa da possibilidade de se qualificar para o Euro-2022, e perdeu por 2-1 no Europeu de 2017, em Roterdão, naquela que foi a primeira vitória de Portugal numa fase final feminina sénior.
Nos jogos anteriores disputados entre as duas seleções antes de 2017, Portugal venceu duas vezes: uma em 1994, no Barreiro, e outra na qualificação para o Europeu de 1995 (2-1), em Stirling.
HISTÓRICO COM A ESCÓCIA