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Rui Patrício: "O autoconhecimento é indispensável"

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Em entrevista ao Canal 11, o internacional português conta como a psicologia influenciou o seu desempenho.

Em entrevista ao programa Amor à Camisola, Rui Patrício fala sobre as inquietações dos futebolistas de alto rendimento e de como a psicologia melhorou o seu desempenho. O guarda-redes do Wolverhampton, que já realizou 47 jogos nesta temporada, abordou ainda a sua ligação ao Global Players' Council, órgão consultivo recém-criado pela FIFPro, para defender os interesses e os direitos de jogadores e jogadoras de todo o mundo.

No programa do Canal 11, esteve ainda presente a psicóloga Ana Bispo Ramires, com quem Rui Patrício trabalha desde 2011. "O Rui tem características especiais e aquilo a que chamamos de 'coachability'. É uma pessoa que transforma as nossas sugestões em comportamentos com grande facilidade. Tem uma inteligência pragmática fora do comum e muita sede de aprender. Em 20 e muitos anos de carreira, foi o único desportista que me procurou sem estar em crise. Veio falar comigo no final de uma palestra", revelou a psicóloga, que trabalha de perto com atletas de diversas modalidades.

O internacional português em discurso direto:

[sobre a importância da psicologia na sua performance] 
"Comecei a trabalhar com a (psicóloga) Ana Bispo Ramires aos 23 anos e ela veio a revelar-se um pilar na minha vida, não só na minha evolução como atleta mas também como pessoa. O que fiz e o que conquistei no futebol em muito se deve ao trabalho realizado por ela. Um trabalho fantástico, cujo mérito reconheço sempre. O meu objetivo inicial era melhorar a minha performance desportiva, mas depois trabalhámos todos os contextos da minha vida. Para melhorar a performance é preciso evoluir em todas as áreas."

"Trabalhámos cada situação que acontecia no jogo. Porque tinha acontecido? Como corrigir, manter ou melhorar? Nos primeiros tempos, chegava ao jogo e sentia-me cansado após o aquecimento. A Ana fez-me perceber que se devia a acontecimentos ou pensamentos anteriores ao jogo, e que tinham gerado provavelmente ansiedade ou stress. Essa é a parte mais interessante da psicologia: perceber como é que estamos e o que podemos fazer para evoluir. Treinar estratégias e ferramentas para lidar com as coisas, quando elas acontecem, e antecipar cenários. Se rebentasse uma bomba ali ao lado, iria continuar focado. É arranjar estratégias de foco e aprender a gerir as emoções. Acho que toda a gente devia fazer esse trabalho. O autoconhecimento é indispensável".

[como se trabalha no Wolverhampton ]
"No Wolververhamton, temos um psicológo que trabalha diretamente com a equipa técnica. Está connosco se necessitarmos de falar com ele, mas a sua intervenção é ao nível do coletivo. Acredito que o jogador deve procurar ele próprio evoluir nesse campo e recorrer à psicologia. Os clubes também têm um papel fundamental e deviam apostar mais na Psicologia da Performance Desportiva." 

[o método dos clubes portugueses]
"Em Portugal, só agora é que se começa a levar sério a Psicologia da Performance. Antigamente olhava-se com muita desconfiança e a saúde mental do atleta é muito importante. Há falhas que acontecem nos jogos e que eram evitáveis, pois começam a desenhar-se antes da jogada, na cabeça do jogador. Muitas vezes, o que acontece dentro do campo é uma consequência do que está para trás".

[representar Portugal no sindicato mundial de jogadores profissionais]
"A FIFPro criou o Global Players' Council (GPC), para dar voz aos jogadores e às jogadoras profissionais. Nas nossas reuniões, que agora serão virtuais, comentamos e discutimos temas importantes para a classe - desde a pandemia da Covid à saúde mental, passando pela proteção social dos jogadores. Assuntos que preocupam os atletas. Com o GPC, a FIFPro ganha mais força perante a UEFA e a FIFA. Para mim, é um orgulho ter sido escolhido para representar Portugal".


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