Não há duas sem três

Liga dos Campeões

2020 será a terceira vez que Portugal acolhe uma final da principal competição de clubes da UEFA. Recorde as outras duas.

Diz-se que não há duas sem três e 2020 veio confirmar esse ditado popular. Portugal foi, de novo, escolhido pela UEFA para receber a final da Liga dos Campeões, desta feita devido à situação da pandemia da Covid-19. A cidade de Lisboa irá albergar ainda as meias-finais e quartos-de-final da competição.

Como referido, esta será a terceira vez que Portugal recebe uma final da principal prova de clubes da UEFA. Recordemos, então, as outras duas:

25 de maio de 1967 – Estádio do Jamor

Disputava-se a décima segunda edição da Taça dos Clubes Campeões Europeus, a principal prova de clubes de futebol a nível europeu. Celtic (Escócia) e Inter de Milão (Itália) mediam forças no jogo decisivo da competição.

O palco dos sonhos era o Estádio do Jamor e 56 mil adeptos juntavam-se em Oeiras para verem o jogo decisivo de uma competição que já tinha tido por duas vezes o SL Benfica como campeão e outras duas como finalista vencido. Portugal era um país respeitado e já a fazer história na competição europeia, ainda que nesta edição o representante português, Sporting CP, tenha caído na primeira fase aos pés dos húngaros do Vasas.

Para esta partida, o Inter de Milão partia como favorito por já contar com duas vitórias conquistadas na competição, depois de ter levantado o troféu em 1963/64 e 1964/65 (esta edição contra o SL Benfica, no derradeiro jogo). Já o Celtic nunca tinha vencido a prova, nem sequer chegado a uma final.

O encontro decisivo começou  com um golo precoce a favorecer o Inter de Milão. Mazzola aos 7 minutos de jogo, na conversão de uma grande penalidade, adiantou os italianos na partida e colocou-os em boa posição para conquistarem mais uma Taça dos Clubes Campeões Europeus para o seu museu.

Contudo, motivados pelo apoio dos seus adeptos, os escoceses não se deixaram ficar, tomaram conta do jogo e conseguiram virar a partida na segunda parte, primeiro por Gemmell (62’) e depois por Murdoch (85’), conquistando assim, pela primeira vez (e única, até ao momento), a principal prova de clubes da UEFA. Além disso, o Celtic tornou-se também a primeira equipa britânica e não-latina a ganhar esta prova, já que até então apenas espanhóis (Real Madrid por 6 vezes), portugueses (SL Benfica por duas ocasiões) e italianos (Milan por uma vez e Inter por duas) a tinham vencido.

O dia 25 de maio de 1967 é ainda hoje muito acarinhado pelos fãs do Celtic, sendo considerado, por muitos, como o melhor dia da história do clube de Glasgow, até porque coroou uma época em que venceram todas as competições que disputaram. A equipa vencedora ficou conhecida como “The Lisbon Lions” (Os Leões de Lisboa) e, desde então, o Estádio do Jamor é considerado um local de passagem obrigatória para todos os adeptos da equipa escocesa que vêm a Portugal.

24 de maio de 2014 – Estádio da Luz

Considerada uma das melhores e mais emotivas finais da história da Liga dos Campeões, a segunda final da principal prova de clubes da UEFA realizou-se no Estádio da Luz e colocou frente a frente duas equipas madrilenas: o Real Madrid e o Atlético de Madrid.

O Estádio da Luz, já habituado às cores das turmas espanholas, “revestiu-se” de novo de vermelho e branco para receber o último jogo da temporada desportiva antes do Mundial 2014, a ser disputado no Brasil. Mais de 60 mil espectadores espanhóis deslocaram-se à capital portuguesa à espera de ver o seu clube a fazer história.

Os representantes portugueses na competição – FC Porto e SL Benfica – não tinham ido além da fase de grupos, tendo terminado em terceiro lugar e “caído” para a Liga Europa, sendo que os ‘dragões’ estavam, inclusive, no mesmo grupo que o Atlético de Madrid.

O Real Madrid partia como ligeiro favorito para a final, embora todos esperassem um encontro bastante equilibrado. Contudo, nestas situações, a história e a experiência importam e apesar de nenhuma destas equipas ter estado recentemente numa final da Liga dos Campeões, o palmarés era bem diferente: o Real Madrid contava com nove troféus e três finais perdidas, enquanto o Atlético de Madrid tinha apenas uma final perdida na competição. Estávamos portanto, perante um jogo histórico, pois ou o Real Madrid – com Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão (a titulares) e Pepe (suplente não utilizado) na equipa – conquistava a tão desejada ‘La Décima’ ou os comandados de Diego Simeone – com Tiago no onze inicial – levavam pela primeira vez o troféu para o, na altura, Estádio Vicente Calderón.

A partida começou equilibrada, mas à entrada para os dez minutos finais do primeiro tempo, Diego Godín adiantou o Atlético de Madrid na partida. Sem alterações no marcador até ao intervalo, o Real Madrid pressionou e começou a visar a baliza de Thibaut Courtois sempre que possível. No entanto, quando já poucos previam o empate, Sergio Ramos, aos 90+3’, sobe ao ‘segundo andar’ na sequência de um canto e cabeceia certeiro, para delírio dos adeptos ‘merengues’, fazendo com que seja necessário jogar-se um prolongamento. Nesse período, a parte anímica foi preponderante e Gareth Bale (110’), Marcelo (118’) e Cristiano Ronaldo (120+1’) deram robustez à vitória dos comandados de Carlo Ancelotti, terminando a partida com um 4-1 favorável.

Este dia ficará para sempre guardado na memória de qualquer adepto madrileno, especialmente nos do Real Madrid que cimentaram a sua posição como clube europeu mais titulado nesta prova, palmarés que viria ainda a aumentar nos anos seguintes. Ainda assim, Lisboa será sempre recordada como o local do fim do jejum de 12 anos consecutivos sem conquistas da Liga dos Campeões. 12 anos em que os adeptos ‘merengues’ viam o sonho da ‘La Decima’ ser constantemente adiado. Até que, por fim, se deu Lisboa...

 

 

 


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