A ciência ao serviço da arbitragem

Arbitragem

Foram cerca de uma centena os participantes na Conferência Internacional sobre a Arbitragem no Futebol.

Foi um tremendo sucesso a Conferência Internacional sobre Arbitragem no Futebol, que decorreu neste sábado na Cidade do Futebol, com a participação de alguns dos maiores especialistas mundiais ao nível da ciência aplicada à arbitragem.

Esta organização da Portugal Football School, em colaboração estreita com o Conselho de Arbitragem e a Unidade de Saúde e Performance da FPF, reuniu cerca de uma centena de interessados na temática. A sessão começou com uma discussão sobre psicologia na arbitragem, desenvolvida pelo psicólogo Pedro Teques, do ISMAI, que colabora com o CA da FPF; seguiram-se conversas sobre lesões, com o especialista suíço Mario Bizzini, condição física dos árbitros, com o italiano Carlo Castagna, bem como a monitorização do trabalho que estes realizam nos jogos e nos treinos, por Pedro Figueiredo, da USP.

Depois de algumas comunicações curtas sobre a Ciência da Arbitragem, da responsabilidade de Rita Tomás (lesões na arbitragem de Elite), Bruno Travassos (como a análise de vídeo pode constranger a avaliação dos árbitros), Henrique Nascimento (avaliação dos árbitros) e Paulo Fraga (recrutamento de árbitros), a conversa centrou-se na tecnologia e no seu apoio à arbitragem. Primeiro com Bruno Gonçalves,  (CITESD/UTAD) que se debruçou sobre a questão da análise de jogo; depois com o alemão Daniel Link, da Universidade Técnica de Munique, que abordou dois estudos realizados pela sua instituição, um sobre a introdução pelos árbitros do spray que marca a distância a que deve ser colocada a barreira num livre, e o outro sobre a importância da introdução da tegnologia da linha de golo no futebol; a conclusão foi que o spray é positivo para o futebol, mas que a tecnologia da linha de golo pode não justificar um investimento que é tido por demasiado elevado para os benefícios que pode trazer ao futebol.

O belga Werner Helsen, que há muito trabalha na Universidade de Leuven e na UEFA, falou sobra a intridução do vídeoárbitro no futebol, transmitindo alguns dos resultados a que chegou dois anos desde a introdução da tecnologia. A conclusão principal é a de que, antes da introdução do vídeoárbitro, era cometido um erro pelo árbitro a cada três jogos, algo que mudou para um erro a cada 15 jogos desde que a ferramenta foi introduzida. No final, o belga elogiou a iniciativa: "É sempre bom discutir assuntos relacionados com a arbitragem e, neste caso, sobre a ciência associada à arbitragem. Quero agradecer o convite que me foi feito e dar os parabéns pela iniciativa, porque podemos todos aprender com conferências deste género"

No encerramento da conferência, o presidente do Conselho de Arbitragem, Fontelas Gomes, falou sobre o trabalho desenvolvido pelo órgão que dirige, apontando depois algumas perspetivas de futuro. "O balanço do que aqui assistimos é claramente positivo. A iniciativa foi um sucesso. Houve a oportunidade para uma partilha de ideias e opiniões na área do treino e da investigação, que só beneficiam a arbitragem. Esta foi a primeira conferância realizada a este nível, que pretendemos obviamente repetir. Como conclusão do que aqui vimos e ouvimos ao longo do dia, estamos a trabalhar bem, na linha da frente da arbitragem no que diz respeito à tecnologia. Há países que só conseguem ter os seus árbitros a treinar juntos uma vez a cada duas semanas. Nós reunimos os nossos três vezes por semana, e isso vai permitir-nos alcançar patamares superiores em termos europeus", explicou o líder do CA.

Para além disso, ainda deixou uma palavra de agradecimento às associações distritais e regionais, pelo apoio que têm dado na questão do recrutamento. "Ouvimos na sala perguntarem qual é o nosso segredo para conseguirmos captar árbitros. Eu acho que é fundamental continuar o investimento que começámos. Temos sentido um grande apoio das associações na questão do recrutamento e por isso precisamos de agradecer aos Conselhos de Arbitragem distritais pelo trabalho que estão a realizar. Podem continuar a contar com apoio e com uma cada vez maior proximidade".


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