Seleção Sub-15

FPF atenta ao talento português pelo mundo

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Um estágio sub-15/sub-16 com apenas dois jogadores a atuar em Portugal não é habitual e representa um posicionamento muito relevante.

A Cidade do Futebol recebeu um estágio muito especial nos dias 18 e 19 de fevereiro: 20 dos 22 jogadores que trabalharam sob a orientação da equipa técnica nacional atuam no estrangeiro.

Para além de ser um sinal dos tempos - os clubes tentam recrutar o talento cada vez mais cedo -, este estágio representa também um posicionamento muito relevante da Federação Portuguesa de Futebol, que quer ter uma base de recrutamento cada vez mais alargada e olha para a diáspora como uma oportunidade.

Joquim Milheiro, Coordenador Técnico das Seleções de Formação da FPF, fez um balanço positivo desta ação: "Estou extremamente feliz com o desempenho dos jogadores, com a sua integração e o seu envolvimento muito nas nossas propostas de treino. As relações que estabeleceram foram bastante importantes e tenho a certeza que o continuarão a ser no futuro", referiu.

Para o técnico português, este é um caminho sem retorno nas seleções jovens de Portugal: "A FPF tem feito um grande investimento e este é mais um passo importante. A nossa prospeção é nacional e internacional. Queremos reconhecer o mérito do jogador português espalhado pelo mundo", garantiu.

Numa escolha sempre difícil entre muitos futebolistas de qualidade, os critérios de seleção incluem um componente emocional muito importante: "Primeiro abordamos os pais e percebemos qual é a ligação afetiva dos seus filhos a Portugal e à FPF. As respostas têm sido extraordinárias porque a possibilidade de verem os verem num estágio aqui é sempre uma alegria enorme para toda a família. Essa aproximação é crucial. Quando estão connosco, queremos que conheçam a Cidade do Futebol e as condições que temos. Este espaço pertence a todos os portugueses e queremos que eles se sintam parte desta nossa família."

Uma experiência intergeracional 

Almani Moreira foi internacional em 37 ocasiões com a camisola das Quinas (entre seleções jovens e equipa B), tendo representado clubes como Boavista, Standard Liège ou Partizan de Balgrado. O atual empresário de jogadores esteve na Cidade do Futebol para assistir ao estágio sub-15/sub-16 por um motivo muito especial: "Foi incrível ver o meu filho a experimentar o que eu vivi, recordei tudo o que se passou ao serviço de Portugal. Procurei passar-lhe o espírito de quem joga apenas pelo orgulho, pelo amor à camisola, sem pedir nada em troca. Conversámos depois dos treinos e ele disse-me que adorou a experiência", revelou o pai de Diego Moreira.

O antigo avançado, experimentadíssimo ao mais alto nível, diz que o seu filho herdou a sua ambição no futebol: "Leva a carreira muito a sério e está concentrado em ser jogador de futebol. No entanto, temos um acordo: ele só continua a jogar se tiver sempre boas notas e entrar para a faculdade. É muito importante ter um plano B e eu sou o primeiro e incutir-lhe essa mentalidade. Se é precido comigo em campo? Acho que é muito melhor que eu quando tinha a idade dele! Faz coisas que eu não conseguia."

Almani Moreira considera ainda que a estratégia da FPF em termos de scouting é a mais acertada: "Gostei muito da forma como trataram de todo o processo. Penso que é uma aposta acertada porque há muito bons jogadores por aí que podem jogar pela Seleção Nacional portuguesa. Esta é uma forma segura de os terem aqui, perceberem a sua qualidade e criarem laços emocionais."

Dois dias para recordar

No final dos trabalhos, os grandes protagonistas desta ação também não esconderam o orgulho por fazerem parte de uma lista muito restrita.

Depois de Pedro Virgína ter sido um dos porta-vozes do grupo de trabalho, também Ronaldo Fernandes (FC Luzern) e André Lopes (OGC Nice) foram ouvidos pelo fpf.pt.

O jogador que atua na Suíça admite que "não estava à espera de ser chamado", mas quer repetir a experiência: "Quero voltar porque adorei a forma como tudo decorreu dentro e fora do campo. Todos foram muito simpáticos comigo e claro que é um orgulho estar aqui, tanto para mim como para os meus mais, que são ambos portugueses."

O jovem centrocampista não esconde que sentiu "algumas diferenças" nos treinos: "Aqui há mais duelos e temos de jogar mais rápido, mas é tudo uma questão de adaptação."

Já André Lopes, que residiu em Portugal até aos 8 anos, reconhece que sempre teve esperança de ser chamado "porque sempre foi um objetivo, um sonho desde criança": "Acredito no meu trabalho e agora chegou a recompensa. Venho a Portugal duas vezes por ano, tenho aqui amigos, e continuo a gostar imenso de cá estar. Agora vou continuar a trabalhar para voltar mais vezes."

Identificando a Cidade do Futebol como "um espaço de topo para qualquer futebolista desenvolver as suas capacidades", André Lopes define-se como um "extremo veloz e com capacidade de choque, tanto pela esquerda como pela direita."


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25 de Fevereiro 2019
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FPF

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