Futebol ecológico

Ambiente

A FPF vive período de transformação de hábitos e vivências ambientais. Fomos espreitar os passos dados na construção de um futebol mais responsável e ecológico*

* A FPF celebra o dia Mundial do Ambiente com a recuperação de um artigo da Revista 360, publicado originalmente em 2019, e que conta todas as transofrmações ambientais decorrentes na atividade federativa no âmbito das suas iniciativas de responsabilidade ambiental.  

 "Se, idealmente, procuramos na nossa vida laboral ser um pouco o espelho do que somos lá fora e se vivemos, cada vez mais, numa sociedade que se responsabiliza na construção de um mundo melhor, a FPF também tem procurado assumir o seu papel nas áreas da responsabilidade social, nomeadamente no que diz respeito às áreas da inclusão e diversidade, promoção da saúde e preservação ambiental.

Esta última área assume para o organismo federativo crescente importância. Um olhar atento deixa antever uma organização onde se trabalha cada vez mais com o objetivo de diminuir o impacto da atividade laboral no meio ambiente, diminuindo assim a pegada ecológica.

Francisca Araújo, responsável pelo pelouro da responsabilidade social da FPF, explica que a caminhada na direção de uma maior consciência ecológica tem sido coerente e gradual: “Nesta jornada também fomos beneficiados pela mudança das nossas instalações para a Cidade do Futebol. Tivemos a clarividência de preparar esta infraestrutura para solidificar estes objetivos ambientais e isso serviu-nos como um excelente ponto de partida”, diz.  

Os resultados são facilmente comprováveis. A Cidade do Futebol tem a segunda melhor de oito certificações energéticas possíveis.

Através do desenho no projeto favoreceu-se a construção de sistemas passivos de aproveitamento de energia: exposição solar, ventilação natural, sistemas construtivos de fachadas e aproveitamento de luz natural. Estas decisões permitem manter os sistemas de climatização e de iluminação desligados durante a maior parte do dia e no maior número possível de dias por ano.

Nas fases de desenvolvimento e consolidação do projeto também se procurou instalar sistemas que reduzissem ao mínimo os consumos do edifício – a iluminação é feita essencialmente através das económicas luzes de LED e energias renováveis que contribuem em mais de 10 por cento para o gasto total de energia do edifício.

Os quatro relvados construídos têm reservatórios de água próprios para rega e reserva estratégica, foram igualmente plantadas 11 mil árvores e instalados mais de 90 painéis solares. 

Na própria construção foi reaproveitada, para construção dos muros, toda a pedra que existia nos terrenos e o mobiliário e equipamentos, como, por exemplo, as torneiras com temporizadores, escolhidos para a Cidade do Futebol, também obedeceram aos mais exigentes critérios ambientais.

O projeto, iniciado em 2014 e concluído em 2016, procurou ainda diminuir ao máximo o impacto sobre a movimentação de terras e escavações. Pouparam-se mais de dez mil viagens de camiões nas imediações da obra.

Uma prioridade mais recente foi a da própria educação ambiental dos cerca de duzentos utilizadores diários do edifício. “A FPF sempre incentivou a adoção de novos comportamentos na área ambiental mas em muitos casos foram os nossos próprios funcionários e colaboradores que preconizaram essa mudança”, explica Francisca Araújo. “No início, foram medidas simples como a redução na quantidade de papel utilizado. Começámos por utilizar frente e verso da mesma página, depois eliminámos as fotocópias a cores e, finalmente, sempre que possível, substituíram o papel por suportes digitais. A nível do trabalho das seleções também houve sempre a preocupação de recolher todas as embalagens de plástico para reutilização”, explica a responsável.

Mais recentemente, as boas práticas, quer por indução da FPF, quer por vontade dos próprios funcionários e colaboradores, foram-se generalizando. Cada trabalhador passou a ter a sua própria garrafa reutilizável ilimitadamente; na área próxima das máquinas de café, os copos de plástico deram lugar aos de cartão; guardanapos e individuais são todos feitos em material reciclado, a água é filtrada. As garagens da casa das seleções têm carregadores energéticos para carros híbridos ou elétricos.

Também têm sido feitos progressos na área da redução dos desperdícios alimentares: “Temos uma parceria com a empresa Refood que levanta todas as sobras alimentares do nosso restaurante e distribui por quem precisa – famílias necessitadas ou população sem abrigo.  Procuramos agir sempre com consciência ambiental e social”, acrescenta. 

Muito recentemente foi implementada a contentorização para reciclagem de resíduos em todos as divisões e departamentos da Cidade do Futebol, uma medida que, pela sua importância, serve quase como culminar de um percurso rumo a um futebol mais verde.  Não existem caixotes do lixo individuais na Cidade do Futebol.

Num cenário em que as fachadas de pedra reutilizada estão a ser progressivamente ocupadas por trepadeiras, a FPF prepara-se agora para dar o próximo passo no sentido de minimizar o seu rasto ecológico. E é o próprio Presidente da FPF, Fernando Gomes, a assumi-lo: “Como no futebol interessa-nos muito mais o próximo passo do que os resultados que já atingimos. Além do cuidado com a nossa própria casa, já começámos a introduzir boas práticas ambientais nos nossos eventos exteriores. A FPF implementa a contentorização e reciclagem nos grandes eventos desportivos que organiza. Queremos liderar, no futebol e na sociedade, pelo exemplo e é isso que vamos continuar a fazer. Este percurso só termina no dia em que a nossa pegada ecológica for irrelevante”, termina.

O futebol está como os seus relvados. Cada vez mais verde."


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